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Microfone de Fita – O que é? Saiba diferenças e os cuidados necessários

Julho 11, 2019 • 8 min de leitura

O momento de escolher os microfones para o seu home studio é cercado de duas grandes questões. Uma delas é a necessidade do uso daquele aparelho; a outra é o estilo do som que pode ser produzido com ele. E quando falamos em estilo, o microfone de fita aparece como um dos mais charmosos e peculiares de sua espécie. Atualmente, o visual desse mic já varia daqueles garbosos modelos usados em rádio e antigas gravações, que você deve ter visto em filmes e fotos. Mas aquele som, elegante e aveludado, continua marcando a personalidade do ribbon mic. Dentro de studios sempre continuou marcando presença, mesmo em tempos de novas tecnologias. Aqui, vamos te contar os segredos e detalhes desse clássico microfone, para que você entenda por quê e como usá-lo da melhor maneira.

Como funciona o microfone de fita

O microfone de fita é um precursor do microfone dinâmico. Seu nome vem da sua principal peça: uma fina fita de metal. Essa fita pode ser de alumínio, duralumínio ou nanofilme e fica instalada entre os dois pólos de um imã, dentro da cápsula. Essa fita de metal funciona como diafragma e transdutor, captando a vibração sonora e a transformando em sinal elétrico. A tensão induzida na fita é emitida pela velocidade com que se movimenta o ar que vem da fonte sonora. Por isso ele também é chamado de “microfone de velocidade”.

O som do microfone de fita

Uma das definições mais conhecidas para o microfone de fita foi dada pelo fundador da AEA, Wes Dooley. Segundo ele, os ribbon “ouvem como seus ouvidos”. A naturalidade na captação transparece no áudio final: enquanto outros mics oferecem um som excessivamente acurado, a ponto de captar nuances que você sequer tinha percebido (e talvez não goste), o ribbon se mostra não linear e, por isso, bastante honesto.  As freqüências baixas afetam mais as fitas de metal, produzindo até picos de ressonância. Por outro lado, a membrana aceita bem e até atenua levemente altas frequências sonoras, gerando uma resposta plana a esse tipo de onda. Daí o belo som, quente, gracioso e até escuro ou sem brilho para alguns.

Dica: a incompatibilidade entre a impedância desse tipo de mic e o circuito elétrico pode resultar em um som aparentemente abafado e com pouco volume. Para corrigir esse problema você pode adicionar um pré-amp e um equalizador à sua gravação. Bem aplicados, esses recursos trazem brilho e enfatizam os agudos , valorizando o som captado.

Todos os sutis movimentos sentidos na fita são transformados em pequeninas voltagens, que podem soar quase imperceptíveis caso haja incompatibilidade entre impedância e saída. Com um pré-amp e um EQ, você vai perceber que a gravação registrou detalhada e precisamente as freqüências sonoras e que aquela “escuridão” era só uma questão de corrente elétrica.

Direcionalidade

O microfone de fita é bidirecional, o que quer dizer que ele tem um padrão polar figura 8. Essa característica fez do modelo o preferido das antigas transmissões radiofônicas, como talk shows, por exemplo. Isso por que ele capta apenas o que é emitido nos seus lados frontal e traseiro - qualquer onda sonora que venha da posição de 90o do microfone é anulada.

Hoje em dia já podem ser encontrados no mercado, ainda que em menor número, ribbon mics com padrão de captação de microfone cardióide, hipercardióide e microfone omnidirecional.

Cuidado com o Phantom Power!

O Phantom Power alimenta, com corrente elétrica microfones condensadores, direct boxes e outros equipamentos, através de um cabo balanceado. Uma vez que o microfone de velocidade tradicional já possui um transformador interno na saída - o T-power - ele não precisa do Phantom Power. Então tenha atenção ao aplicar o recurso, por que muitos dos modelos de ribbon, se receberem essa tensão, queimam.

Atualmente, existem alguns modelos de ribbon mics que fazem uso do phantom power - não para a fita transdutora, mas para outros componentes. Entre eles estão R-122 MKII da Royer, A840 da AEA e KSM313 da Shure.

Usando o microfone de fita

Como dissemos acima, para além da demanda para esse tipo de microfone, ele encanta pela autenticidade. Então, você pode usar um microfone de fita em seu home studio para os mesmo tipos de gravação possíveis com outros modelos de mic. A diferença do ribbon será a intenção.

Microfone de fita com guitarras

Salienta as frequências baixas e médias e suaviza a distorção produzida pelos amperes sobrecarregados dos amplificadores, produzindo um som encorpado e rico. O modelo KSM313, da Shure, é usado ao vivo pelo guitarrista Slash, do Guns N’ Roses. Em estúdio, o músico costuma mesclar um R-121 com um Shure SM57.
microfone de fita modelo KSM313 usado pelo guitarrista Slash em apresentações ao vivo

microfone de fita modelo KSM313 usado pelo guitarrista Slash em apresentações ao vivo

Com cordas

Posicionar alguns músicos à frente e outros atrás do microfone de fita é ideal para captar a ambiência na execução de um quarteto ou de um naipe maior de cordas, mesmo em espaços menores.

Com sopros

Se bem posicionado, o ribbon não capta o barulho de teclas e boquilhas. Não satura com notas altas; pelo contrário: apresenta alta faixa dinâmica, valorizando a performance.

Com bateria

Funciona bem como overheads, sendo necessário apenas mais um mic para o bumbo, o que resulta em um kit minimalista, captado com ambiência e naturalidade. Se usado um microfone de fita no bumbo, uma sugestão é um Royer R-121 colocado em um ângulo de 45 graus em relação à pele.

Com voz

Considerado o microfone com som mais musical já construído, o R44BX da RCA - replicado no AEA R44 gravou nomes como Frank Sinatra e Billie Holiday e inspirou o surgimento de vários outros modelos. Se você procura um som com corpo e que valoriza o feeling, o ribbon é o ideal. Ele minimiza sibilâncias; capta com precisão proximidade, cantos graves e de menor volume e suaviza os agudos, possibilitando equalização de freqüências altas sem prejuízo para o áudio. Um dos usos mais conhecidos do microfone de fita é a de gravação em estéreo, seguindo a técnica Blumlein pair. Criada pelo engenheiro eletrônico Alan Blumlein, o método utiliza dois microfones bi-direcionais, posicionados a 90o um do outro.
microfone de fita modelo AEA R44

microfone de fita modelo AEA R44

Diferença para outros microfones

Toda a diferença entre o microfone de fita e os outros tipos de microfones parte do mecanismo de transdução. A diferença nesse fator influencia o uso, a construção e as características de cada modelo.

No microfone dinamico, uma bobina móvel é conectada a um diafragma. Essa bobina se movimenta ao receber uma pressão de ar emitida pela fonte sonora. Captando o movimento, o campo magnético transforma o sinal acústico em sinal elétrico.

  • É mais resistente;
  • traz um som “duro”, menos sensível a altas freqüências;
  • mais usado em shows;
  • custo baixo.

Já o microfone condensador possui uma placa fina de metal sobre o diafragma. É alimentado por energia - phantom power ou pilha, o que torna esse tipo mais sensível e sua captação mais ampla.

  • Requer phantom power (48v);
  • é mais usado em gravações de estúdios;
  • mais sensível a altas frequências.

O microfone de fita não tem bobina nem diafragma mas sim uma estreita tira de metal. A peça fica suspensa verticalmente entre os pólos de um imã, formando um campo magnético. Quando uma pressão é produzida pela fonte sonora, a tira de metal se movimenta, induzindo, graças ao campo magnético, impulso elétrico.

  • É mais caro;
  • mais usado em estúdio;
  • demanda cuidados quanto a equalização;
  • apresenta resposta de frequência ampla;
  • é frágil.

Como cuidar

Ainda que os modelos recentes tragam estrutura robusta e maior proteção, a fita de metal, peça fundamental desse microfone, é extremamente frágil. A membrana é levemente sanfonada e qualquer flexão pode torná-la inválida.

Pra comparar, a fita de um microfone Royer possui até 0,004 mm; um fio de cabelo humano tem em média 0,1 mm. Dá pra entender o cuidado necessário? Temperatura, posicionamento, contato, vento, quase tudo ao redor é muito perigoso para o ribbon.

Os manuais de instrução da maioria dos microfones de fita recomendam que o aparelho só saia da caixa para uso e seja guardado em posição vertical, caso contrário a fita pode esticar, estragando. O armazenamento deve ser em local longe de calor, luz excessiva e poeira. Tais cuidados podem contribuir para sua eficácia e longevidade.

Modelos para home studio

Se você clicou no link acima sobre o lendário R44BX da RCA, você deve ter notado o precinho de um microfone de ponta profissional. Pensando aqui em possibilidades palpáveis para um pobre mortal que está construindo um home studio honesto, separamos os modelos mais famosos e requisitados do mercado:

  • Royer 121: a maior referência entre os microfones de fita. A fábrica é a responsável por reintroduzir o ribbon aos olhos dos engenheiros de som de todo o planeta, em 1998. A contribuição da Royer para o mundo do áudio lhe rendeu um Grammy técnico em 2013.
  • Avantone Audio CR-14: além do belo visual, atrai pelo custo, relativamente baixo, se tratando de microfone de fita. Uma boa opção para quem nunca teve um.
  • Golden Age Project R1 MK2: indicado principalmente para gravação de vocais em estúdio, também apresenta bom desempenho ao vivo. Exige um pré-amplificador para corrigir a baixa saída.
  • AEA R84: um dos vários discípulos do R44, é adequado para gravações próximas e de ambiência. Apresenta impedância estável e é compatível com diversos tipos de pré-amplificador.

Se você procura uma “assinatura” estética no som do seu home studio, o microfone de fita é uma opção que traz originalidade e estilo para qualquer gravação. E o melhor: sem perder a naturalidade.

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