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Microfone Omnidirecional : O que é? Tudo que você precisa saber!

Julho 11, 2019 • 8 min de leitura

Ele é usado com certo pé atrás por profissionais de áudio, mas pode trazer bons resultados mesmo em um home studio. O modelo capta de maneira uniforme todos os sons emitidos em seu redor. Resistente, o microfone omnidirecional apresenta um som bem natural e suporte a pressões sonoras mais altas (SPL, Sound pressure level), mas demanda certo cuidado em sua aplicação. É o tipo de microfone mais simples para projetar e serve como referência para a construção de cápsulas com outros padrões de captação. Nesse artigo vamos explicar como usar esse tradicional modelo de forma adequada.

Quando usar o microfone omnidirecional?

  • Instrumentos acústicos com ambiência: violão, violino, trompete e outros instrumentos acústicos são bem captados com o omnidirecional. O modelo não distorce com a proximidade e suporta altos níveis de pressão sonora. No entanto, é preciso ficar claro para os envolvidos na produção que a gravação irá registrar também o som emitido em todo o redor do microfone. Uma alternativa bastante usada é mesclar um microfone unidirecional e outro omnidirecional captando o mesmo instrumento. Posicionados em distâncias e ângulos diferentes, resultam em boas opções para mixagem.
  • Entrevistas ou vídeos: o microfone de lapela é um dos omnidirecionais mais conhecidos. Como é pequeno e instalado quase sempre para ficar escondido, ele precisa ser omni para apresentar uma boa resposta de todos os lados.
  • Orquestra e côro: com os coristas distribuídos em volta do microfone a uma distância adequada, a possibilidade gera um registro natural e espontâneo que pode contribuir para a estética da produção;
  • Naipes e conjuntos: também em roda, os instrumentos se posicionam de acordo com as condições do espaço, a variedade de instrumentos, e até com o arranjo e a proposta - se o grupo tem um solista que fica à frente, por exemplo.
  • Captar ambiência: uma boa opção em estúdios maiores, caso você goste da acústica da sala e queira obter um reverb natural. Mesmo que os instrumentos e amplificadores já estejam sendo gravados com cardióides, um microfone omnidirecional bem posicionado pode atender a essa possibilidade, desde que estejam fora da distância crítica (leia mais sobre distância crítica abaixo).

Padrão Polar do Microfone Omnidirecional

padrão polar do microfone omnidirecional

Gráfico de padrão polar do microfone omnidirecional

Padrão de captação, ou padrão polar, é a sensibilidade que o microfone tem de acordo com a direção que vem o som.

  • No cardióide, é captado majoritariamente o som vindo da frente da cápsula.
  • O modelo bidirecional (figura 8) pega o que vem da frente e de trás, não dos lados.
  • Já o microfone omnidirecional capta tudo. Seu ângulo de cobertura é de 360o. Ou seja, independente de onde esteja posicionada a fonte sonora ao redor do mic, será captado com igual intensidade. O modelo pode inclusive ser utilizado de cabeça para baixo sem problemas.

Porém, o microfone omni se torna mais direcional quando exposto a altas frequências. Caso o aparelho esteja captando fontes sonoras por todo o ângulo de cobertura, os sons emitidos em alta frequência serão privilegiados pela frente e traseira da cápsula.

Um microfone omnidirecional pode ser tanto dinâmico quanto condensador!

Não confunda o padrão de captação com o mecanismo de transdução do microfone. A segunda categoria se refere à sensibilidade da membrana do aparelho. Temos o microfone dinamico, condensador e de fita. O mic de fita tradicional apresenta padrão de captação figura 8 (bidirecional), porém atualmente já existem ribbons com padrões variáveis. Os mics dinâmicos e condensadores variam entre diversos padrões, muitos deles omnidirecionais.

Por que usar o microfone omnidirecional?

Menos barulho de vento

Esse modelo não possui uma espécie de porta acústica presente nos cardióides, que permite a entrada de vento. Assim, ele resiste aos sopros de ventos que atrapalham a captação;

Pops menos evidentes

As indesejadas plosivas, produzidas pelas letras P e T, também são pouco sentidas pelo microfone omni.

Efeito proximidade reduzido

Também conhecido como acúmulo de graves (boominess), essa é muito evidente em microfones direcionais. Quando mais perto a fonte sonora fica da cápsula, mais altas as frequências graves. A aproximação extrema pode até produzir distorção no áudio registrado.

O omnidirecional tem esse efeito muito reduzido. A distância do cantor ou instrumento pouco interfere na equalização da gravação, o que ajuda na performance e na pós-produção. Essa característica faz do modelo uma boa opção para pequenos espaços como home studio. A dificuldade é quando esses locais não tem tratamento acustico home studio, o que pode comprometer a viabilidade do omnidirecional. Além disso, barulhos de baixa freqüência provocados por manuseio, movimentos pela sala e ruídos de fora são muito menores em omni do que cardióides.

O que é distância crítica?

É um distância medida a partir da fonte sonora, na qual o som produzido e o som refletido são iguais em intensidade. Caso o microfone seja posicionado exatamente nessa faixa de espaço ou mais longe, a qualidade da gravação ficará altamente comprometida. Nessa área, o som direto e o som reverberado se misturam, provocando um efeito de eco e reverb conhecido como “bottom of the barrel”, em que o áudio registrado fica ininteligível.

Em uma gravação, o microfone omnidirecional não deve ficar posicionado a mais que 30% da Distância crítica em relação a fonte sonora. Isso é: se a DC for de 5 metros, o mic deve estar a no máximo 1,5 metros da fonte. Já o cardióide não pode ficar a mais de 50% da distância crítica.

No entanto, se for inevitável ou intencional o posicionamento depois da distância crítica, o omnidirecional é uma melhor opção, pois capta menos barulho de vento, menos ultra-graves. Além disso, não fará diferença de direcionalidade, já que após a distância crítica as reflexões tem a mesma intensidade do som direto, então virar um cardióide para a fonte sonora ou não dará na mesma. Um exemplo é o microfone de captação de room. Além disso, o ganho necessário para que aconteça feedback (microfonia) é muito maior no omnidirecional, fazendo-o uma melhor escolha em ao vivos para mics posicionados após a distância crítica.

Quando não usar o microfone omnidirecional

Quando a produção deseja processar consideravelmente as trilhas gravadas. Para utilizar, durante a pós produção, alguns das centenas de plugins para efeitos de áudio disponíveis no mercado, é recomendado que a captação seja mais seca e limpa possível. Ou seja, sem interferência do ambiente. Nesse caso, o omni não é a melhor saída, uma vez que o modelo, ainda que esteja gravando apenas um instrumento ou voz, capta toda a ambiência do espaço.

O ângulo de captação do mic omnidirecional não permite que o modelo seja utilizado para microfonação de amplificadores. A captação do alto-falante das caixas é melhor feita por cardióides, que ignoram estímulos sonoros vindos de fora da frente da cápsula.

Para não prejudicar a captação, também não é aconselhado operar omnis perto de caixas de PA ou monitores de retorno.

O microfone omnidirecional foi um dos primeiros modelos projetados e integrou vários experimentos realizados no desenvolvimento das gravações. Até hoje, algumas técnicas de gravação em estéreo com omni são adotadas em produções de áudio. Uma das mais conhecidas é a Decca Tree.

Decca tree

Criada pela tradicional gravadora inglesa Decca, a Decca tree (árvore) é uma técnica de gravação que utiliza três microfones omnidirecionais formando um triângulo.

  • Dois deles estão a uma distância tal um do outro que se forma no meio do caminho um “buraco” na captação.
  • O terceiro mic, considerado o central, preenche esse espaço, posicionado um pouco abaixo dos demais, apontado para a fonte sonora.

O Decca tree forma um triângulo. Sua captação configura um desenho sonoro amplo, dinâmico e bem-distribuído. Captura um estéreo intenso em relação à técnica ORTF - que combina a captação de microfones separados por 17 cm, formando um ângulo de 110o. Na Decca Tree recomenda-se que os mics estejam a no mínimo 1,5m de distância um do outro, para controle de interferência. Porém, esse intervalo pode variar de acordo com a produção, a sala e o grupo musical. Talvez o único emprego do microfone omnidirecional em performances ao vivo, a técnica é aplicada em gravações de orquestras e grandes conjuntos. Em estúdios, apresenta bom desempenho também com kits de percussão e captação de sala.

Microfone omnidirecional gravando

Microfone omnidirecional gravando

Microfone Omnidirecional x Cardióide

Feedback

  • Omnidirecional: baixo feedback. Quando o feedback é alimentado, acontece a partir de frequências médias e de forma lenta.
  • Cardióide: alto ganho para feedback. Surge de forma rápida e provocado por frequências mais altas.

Proximidade

  • Omnidirecional: mantém frequências amplas de forma suave e uniforme quando a fonte sonora se posiciona perto da cápsula.
  • Cardióide: eleva os graves na medida em que a fonte se aproxima do mic. Por isso, demanda cuidados com a equalização.

Direcionalidade

  • Omnidirecional: apesar de enaltecer a fonte sonora que está mais próxima, não deixa de captar todo som que é emitido em um ângulo de 360º.
  • Cardióide: capta apenas o som produzido na frente do aparelho, rejeitando praticamente tudo que vem de outras direções.

Modelos de microfone omnidirecional

AT8010 da Audiotechnica:

Usado até para gravações de palestras em auditório, é um dos modelos mais populares de omni condensadores. Tem resposta de frequência ampla e captação suave. Modelo portátil. Funciona com bateria ou phantom power.

VP64 da Shure

Elegante microfone dinâmico de mão. O ganho nos médios torna o modelo ideal para voz. Possui um sistema interno de shock-mount de borracha que diminui o ruído de manuseio.

Deu pra entender para que serve o microfone omnidirecional? Com certeza adquirir um exemplar desse tradicional modelo representa uma gama de possibilidades para seu home studio!
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