Mixagem & Masterização
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Mixagem e masterização : Afinal de contas, qual a diferença?

Setembro 15, 2019 • 9 min de leitura

Até músicos experientes podem não saber claramente o que é o processo de masterização.  Mas pessoas que não estão envolvidas em produção musical geralmente não sabem nem uma fração do que está envolvido nesse processo.  É claro que a maioria nota a diferença entre uma música boa e uma de má qualidade.  Mas como os produtores musicais chegam lá exatamente? De uma gravação crua no estúdio para uma faixa totalmente acabada lançada em todas as maiores plataformas musicais.  Como se chega lá? E quão importantes nesse processo são a mixagem e a masterização? Aliás, você sabe qual é a diferença entre esses dois processos mencionados? Os dois têm papéis completamente diferentes na produção musical.  Então, de uma vez por todas, qual é a diferença? Junte-se a mim nesse artigo para descobrir.

Computador executando um DAW, que está sendo usado para compor várias faixas nos processos de mixagem e masterização.

Computador executando um DAW, que está sendo usado para compor várias faixas no mix.

Mixagem e masterização, um resumo simples

Primeiro você tem que entender que esses dois processos não são a mesma coisa. A mixagem (como veremos na cadeia de produção abaixo) vem antes da masterização e foca no tratamento de faixas individuais.  No processo de mixagem, você trabalhará para fazer aquela única faixa/gravação ter um som bom, passando por etapas como equalização, compressão paralela, adição de efeitos (como reverb, por exemplo).  Depois, ainda na mixagem, elas são renderizadas em uma só faixa estéreo . Essa via dupla será enviada ao engenheiro de masterização para que ele a finalize e garanta a boa qualidade da produção final. Resumindo, o processo de produção musical consiste na composição, arranjo, pré-produção e gravação de uma demo.  Só observe que, hoje em dia, por conta dos home studios, gravar demos não é mais tão comum. As pessoas tendem a pular essa etapa e gravar a faixa final direto.  De qualquer forma, os tópicos abaixo aprofundarão mais em cada etapa e mostrarão exatamente onde a mixagem e masterização entram.

Onde estão a mixagem e masterização dentro da cadeia de produção musical?

Tudo tem seu lugar na cadeia de produção musical, e a mixagem e masterização fazem parte do meio para o final.  Existem geralmente 5 passos nesse processo.  Digo “geralmente”, pois alguns estilos musicais podem pular algumas partes.  Por exemplo, a EDM pula a etapa de gravação, porque a maior parte das amostras a serem usadas já estão digitalizadas e (quase) prontas para a mixagem e masterização final.  Mas fundamentalmente a cadeia de produção musical consiste nos seguintes 5 passos.

1. Gravando as linhas guia

Nessa etapa do processo, os músicos usam a conhecida “batida” metronômica para ritmo e gravação de voz.  Isso consiste em um click/batida regulado em um tempo específico e ajuda (principalmente) o baterista a não se perder, pois a bateria é o primeiro instrumento gravado.  Produções eletrônicas ou feitas com um só software não passam por essa etapa, já que a bateria já está programada no “click” e quem está programando é o próprio compositor.  Se o compositor esquece um compasso ou uma batida, ele pode simplesmente arrastar o som de bateria e criar a batida ou compasso que falta.

2. Gravação

E sequenciamento, se for usar um só programa ou MIDI

3. Edição

Editar bateria/batidas/gravações na matriz, afinando vocais, quantizando MIDIs.

4. Mixagem

Essa etapa consiste na compressão/equalização colocação de efeitos em todas as faixas gravadas (esse número pode variar de poucas para centenas) e combiná-las em uma renderização/via dupla (a faixa estéreo final).

5. Masterização

A faixa estéreo final é processada focando nos detalhes finais.  Equalização para que funcione em todos os sistemas/fones de ouvido/alto falantes.  Compressão, para que os instrumentos se misturem melhor e o nível da música como um todo seja aumentado a padrões adequados.  O processo de masterização aumenta o loudness da faixa até chegar no nível usual de gravações finais.

Mixagem, entendendo melhor

Em suma, no processo de mixagem você terá que organizar cada gravação em canais separados do seu mixer.  Isso porque cada instrumento pede um tratamento diferente.  Por exemplo, nos vocais você pode precisar de mais efeitos de eco e reverb, enquanto na bateria você não precisará (ou precisará menos).  Além disso, cada instrumento/gravação é realçado em um conjunto diferente de frequências, portanto você precisará de uma configuração de equalização diferente para cada.  A tabela abaixo, copiada de um outro artigo nosso que fala sobre resposta em frequência, te dará maior clareza sobre esse assunto.
gráfico de região de frequência de instrumentos

O gráfico mostra uma representação visual da região de frequência de alguns instrumentos. Entender isso pode te ajudar no processo de mixagem e masterização.

Entender a região de frequência de cada elemento do seu mix pode te ajudar a cortar algumas frequências desnecessárias, limpando assim o mix.  Ainda mais, entender isso te ajuda a detectar possíveis problemas de instrumentos/frequência em conflito.  Caso você tenha problemas de conflito de frequências, adivinha só onde que você solucionará isso? Quem respondeu “no mix”, acertou! Mas não se preocupe, leva anos para você dominar o processo de mixagem.  Abaixo, lhe darei uma breve lista de tópicos para pesquisar que o ajudarão a melhorar suas habilidades de mixagem.
  • Processo de gravação. Como garantir a qualidade das suas fontes finais.  Economizará muito do seu tempo durante os processos de mixagem e masterização.
  • Organizando o seu mix. Cada faixa em um canal de mixagem diferente. Esse vídeo do YouTube pode te dar uma ideia sobre como fazer isso.
  • Frequências, panning (panorama) nas faixas e equalização.
  • Compressão, reverb, delay, e outros processos como esses.
  • Compressão paralela, automações e efeitos de dissipação.
Esses tópicos devem te ajudar a começar. Mas é isso mesmo, só uma lista para começar, tem muito mais que você pode aprender que não foi mencionado acima.

Masterização, entendendo melhor

O processo de masterização depende do processo de mixagem tanto quanto o processo de mixagem depende da etapa de gravação.  Você simplesmente não pode ter uma boa masterização se tiver uma gravação ruim ou uma mixagem ruim.  Não tem muito o que fazer, mesmo. Em suma, o processo de masterização pega o mix final e dá um último lustre em cima dela.  Processos similares encontrados na mixagem serão encontrados aqui, como compressão, equalização...  Mas o principal do processo de masterização é fazer o áudio final ter um som adequado ao seu propósito.  Por exemplo, digamos que você tem várias músicas que serão lançadas em um álbum. O processo de masterização tem que trazer todas as músicas para níveis iguais. O fato é que, hoje em dia, existem masterizações específicas para cada fonte em que será tocada, já que cada uma permite um certo nível de compressão máxima.  A recomendação do Magroove nesse tópico é masterizar só uma faixa, uma que funcione em todas as fontes.

Mixagem e masterização, um depende do outro

Você deve entender que geralmente o engenheiro de masterização não tem acesso à etapa de mixagem.  Ele trabalha com uma faixa finalizada/estéreo, não tem acesso a instrumentos separados.  Portanto, ele não pode aumentar o volume de um certo instrumento ou arrumar qualquer irregularidade na mixagem, como problemas de equalização, por exemplo.  Para que ele arrume a falta de realce da frequência de um instrumento específico, ele terá que aumentar essa frequência no canal mestre.  Como resultado, toda a gravação será aumentada junto.  Aqui vai um lembrete amigo, sempre arrume problemas individuais de volume durante o processo de mixagem! O processo de mixagem é sutil, muitas vezes visto como um toque final.  Para que facilitemos o trabalho do engenheiro, o engenheiro de mixagem tem que exportar as faixas em níveis ultrabaixos (com o ápice longe do limite) para que ele tenha espaço suficiente para trabalhar, equalizar, comprimir e finalizar a faixa sem clipagem ou distorções.  Você deve ter em mente que finalizar um mix perto do nível de 0 dB ou um valor LUFS ultra alto no seu DAW é muitas vezes visto como má prática.  Evite isso para não comprometer o trabalho do engenheiro de masterização.

Concluindo

Para “pessoas normais” deve ser difícil visualizar o processo de masterização. Principalmente pois elas nunca tiveram acesso à faixas mixadas, mas não masterizadas.  Na internet, você pode facilmente achar “demos” de bandas famosas, assim como obviamente a faixa finalizada e masterizada que está à venda em plataformas de streaming e lojas.  Mas não uma faixa mixada. Você sabe como uma faixa não-comprimida deve soar? Quer dizer, para que esteja tudo bem em mandá-la ao engenheiro de masterização? Esse é o meu ponto, a maior parte dos produtores independentes e donos de home studios não sabem.  Pelo menos não 100%. Mas acredite em mim, isso é completamente normal, só leva a alguns erros de vez em quando, o que está tudo bem, desde que você continue a se esforçar para melhorar o seu trabalho. Com a ascensão do “reino da gravação digital”, ficou mais fácil para nós mixarmos perto dos 0 dB e inserir limiters.  Você pode usar a equalização ou qualquer outro plugin necessário diretamente com o seu (sessão de mixagem) Master Bus para fazer isso.  Dessa forma, você terá um mix e uma masterização em uma só sessão.  Algumas pessoas dirão que isso é má prática ou algo assim, mas não os ouça. De fato, essa é uma tática que a maioria dos produtores usam. Os engenheiros de mixagem mais “puristas”, por exemplo, geralmente querem que a fixa final (pós-masterização) soem como o mix.  Eles farão a mixagem perto dos 0 dB para que se reduzam as opções do que o engenheiro de masterização pode fazer, principalmente para que eles não coloquem algum tom ou efeito indesejável à música.  Como resultado você terá uma faixa só levemente alterada.

O mais importante na mixagem e masterização é...

Como mencionado acima no artigo, às vezes demoram anos para entender como a mixagem e a masterização funcionam, mas saber a diferença de cada processo é um bom começo. A partir disso, você deve conseguir trabalhar e sempre ir melhorando sua música! Gravar, mixar, masterizar, exportar, ouvir, repetir... Demore o quanto precisar, tantas vezes quanto necessário.  Meu conselho final é: nunca desista! Acredite em si mesmo, acredite no seu potencial, todo o resto vai chegar no devido tempo.  Só continue!
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