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Monitor de audio – Afinal, qual a diferença para uma caixa qualquer?

Julho 11, 2019 • 8 min de leitura

Especialmente quem começou a mixar há pouco tempo em seu home studio pode vir a cometer um grande  engano. Ele é: Acreditar que qualquer caixa de som faz o mesmo trabalho que um monitor de audio. No entanto, ainda que ideia comum, ela está bem longe da realidade. Caixinhas de som de escritório ou aparelhos domésticos lidam de modo diferente com as frequências. Nelas, não há necessariamente compromisso com o equilíbrio entre agudos, médios e graves. E isso pode custar a qualidade de sua mixagem. Quando falamos sobre um bom monitor de referência, nos referimos a um equipamento com objetivo específico. Esse bom monitor será o mais “flat” possível. Isso significa que não privilegiará ou atenuará nenhuma frequência. Essa maior fidelidade na reprodução garante que o que se está ouvindo é, realmente, o áudio em que se está trabalhando. E aqui repousa o segredo da boa mixagem. Sabendo disso, vamos explorar suas características, especificações, dicas de instalação e por fim comparar algumas marcas.

Por que devo usar um monitor de audio?

  • A grande encrenca: Como as caixas diversas não são “flat”, uma frequência poderá ser atenuada ou “colorida”. Com isso, você será enganado pelo que ouve;
  • Em consequência disso: Mixar sem fidelidade pode ser um problema. Ao reproduzir em outro aparelho, o áudio estará pobre ou exagerado certas regiões de frequência. Com isso, seu trabalho será, basicamente, em vão;
  • Mas não basta um monitor de audio bom: Ainda assim, é preciso posiciona-lo adequadamente. Isso evitará conflitos ou anulação de frequências. Isso sem falar do tratamento acustico home studio!
  • E custo também não é tudo: Não necessariamente o preço do monitor de audio define sua qualidade. Você pode acabar pagando apenas por marca ou, mesmo, investindo em diferenciais inaudíveis para nosso ouvido.
  • Tenha como comparar: Não confie cegamente no seu monitor de audio. Teste em outra marca e confira as mixes no fone de ouvido. Só lembre-se de utilizar um fones específicos para mixagem, flat. Beats — ou similares — jamais!

E qual monitor de audio devo escolher?

Começando pelo tamanho

A primeira etapa na escolha do seu monitor de audio diz respeito ao tamanho. Em salas pequenas demais, é um erro usar monitores grandes. Neste caso, o ideal é escolher um monitor com falantes de 5” a 7". O mesmo vale, obviamente, para salas grandes demais. Nelas, 10” podem ser necessárias. O que acontece é que, se utilizar um monitor grande numa sala pequena, os graves tenderão a se embolar. Nisso, você erroneamente tenderá a tirar graves na mix, para que não sinta sobrar. O problema? Seu monitor estava mentindo e você tirou graves que não deveria, só para soar bem na sua sala. Ao tocar em uma sala equilibrada ou em fones, a mix estará sem graves, magra. No caso oposto, da caixa pequena em sala grande, provavelmente sobrará graves na sua mix final. Sendo assim, considerando um espaço como um quarto, o monitor de 5” ou 6” polegadas funcionará bastante bem.

A quantidade de vias

Antes de tudo, “via” corresponde a cada falante do monitor de áudio. Os tipos mais comuns são:
  • 2 vias: um falante para médios e graves, e um tweeter para os agudos;
  • 3 vias: um falante dedicado para graves, um para médios e um tweeter para agudos;
  • 4 vias: comumente, dois dos falantes dedicam-se aos médios.
Talvez você acredite que, quanto mais vias, melhor. E, também talvez, haja um pouco de verdade. Pensando idealmente, é muito melhor ter um falante tratando só dos graves. Afinal, o drive dependerá de componentes muito superiores — e mais caros — para manter fidelidade, quando compartilhado. Pensando assim, um monitor de audio de 3 vias é uma opção melhor. Ocorre que, mesmo falantes dedicados precisam de bons componentes. Caso contrário, não importa que tenha uma dúzia de vias. O som não será adequado. Dica importante: não conte as vias sem levar o preço em consideração. Se a grana está curta, vale muito mais o melhor monitor de audio de duas vias que um ruim de três ou mais.

Ativo ou passivo: qual escolher?

Assim que escolher o tamanho e quantidade de vias, você irá se deparar com a escolha de modo. Não tenho dúvida que, durante a pesquisa, o monitor passivo parecerá mais tentador. Afinal, ele geralmente custa menos, certo? Acontece que a designação “passivo” diz respeito à autonomia do monitor de audio. Refere-se à necessidade de um amplificador. Dessa forma, para utilizar um monitor de audio passivo, você investirá duas vezes. Uma nas caixas (os monitores em si) e outra no amplificador para alimentá-las. O monitor de audio ativo, por sua vez, já possui amplificador embutido. Basta conectá-lo à saída da interface ou da mesa e pronto. Há quem prefira monitor passivo + amplificador. No entanto os amplificadores dos monitores ativos realizam muito bem o trabalho. Fica, portanto, a seu critério. Apenas tenha em mente que precisará de um amplificador que não deixe o áudio “colorido”. Um exemplo muito citado como “flat o suficiente” é o descontinuado Alesis RA100. Mas realisticamente falando, hoje os ativos dominam na maioria dos estúdios, principalmente em setups concisos e home studios.

Potência, mas nunca comprometendo a qualidade

Um próximo fator, já caindo nas especificações mais técnicas do monitor de audio, é a potência. Em palavras simples: quanto maior a potência, mais alto o monitor é capaz de falar. É esperado, quando descobrimos que um determinado monitor de audio possui alta potência, que entregue mais com mais qualidade. Contudo uma coisa não está necessariamente ligada à outra. Justamente por isso é importante considerar duas coisas:
  • Embora seja comum pensar assim, potência não está ligado a qualidade;
  • Ainda que o fabricante jure determinada potência, pode haver distorção quando alcançada.
Sendo assim, é importante não apenas confiar nos manuais, mas ouvir como o monitor de audio trabalha de fato. Vale visitar lojas, estúdios e ler reviews a respeito. Só não espere “ter experiência” a partir de vídeos. Você, é óbvio, não estará “ouvindo” aquele monitor de audio de verdade. E, ainda neste assunto, vale muito a pena pensar no conceito de headroom. Também conhecido como “peak headroom”, diz respeito a uma zona de segurança para mixagem e masterização. Durante a mixagem, é imprescindível não permitir que nenhuma faixa supere os -6dB, no medidor da DAW. Isso porque o headroom corresponde à relação entre o 0dB e o pico da gravação. Quanto menor a relação entre eles, mais difícil de masterizar. O resultado, provavelmente, será clipping e distorção nos picos.

O que mais devo saber antes da compra do monitor de audio?

Ótimo! Você já tem uma série de critérios para decidir como escolher. No entanto, antes de passarmos para recomendações, tratemos de outra questão prática. Como já dito antes, não basta ter um monitor de audio bom. É gravemente importante saber como posicioná-lo. Nós já falamos a respeito em nosso artigo sobre tratamento acústico. Porém vale recordar um ponto mágico: No exato instante que receber seu monitor de audio, você precisará estabelecer um triângulo equilátero entre você — sua cabeça, melhor dizendo — e o monitor esquerdo e direito. Cada um deles deve estar apontando para o respectivo ouvido. Nem acima nem abaixo. E, se for preciso, incline-os na vertical. Essa é a posição correta para um setup stereo. setup stereo correto - triângulo equilátero Considere, nas dimensões de um quarto comum, manter-se pelo menos um metro de distância deles, e considere a mesma distância entre um monitor de audio e outro. Caso possuam dutos, nas costas, tampouco mantenha-os próximo à parede.

Investindo sem sustos

Como prometido, passemos à avaliação de algumas marcas de monitor de audio para valer seu investimento. Você verá alguns dos prediletos pela crítica. Mas nunca se esqueça: quem decide é você! Você irá trabalhar com ele, e deve estar seguro antes mesmo da compra. Busque experimentar.

Yamaha HS Series

Antes de começarmos, você provavelmente ouvirá falar a respeito do NS10. Há algum tempo, esses monitores conquistaram amor e ódio, dividindo opiniões. A grande questão: o NS10 tornou-se quase um parâmetro regular nos estúdios pelo mundo. Sendo tratado como “duro demais”, o NS10 recebeu releitura na HS Series. Com preços entre os R$ 2.000,00 e R$ 5.000,00, promete entregar o que promete. É possível encontrar o monitor de audio Yamaha HS nas dimensões 5”, 7” e 8”. Aqueles que adoraram seu avô garantem boa fidelidade sonora e a famosa “ugly truth”: se está mal no monitoramento, então está mal mesmo.
monitor de audio yamaha hs80

Yamaha HS80

KRK Rokit G3

Tendo mais expressão dos graves, é muito usado nas masterizações de baixo custo de metal pesado e música eletrônica. Seu preço inicial está por volta dos R$ 1.500,00, o que chama a atenção. E acaba ganhando corações por sua variedade dimensional: 4” a 10”. É importante, contudo, pensar que, “ganhando” nos graves, pode trapacear sua mixagem dependendo do estilo e do tamanho do home studio.
Monitor de audio KRK Rokit

KRK Rokit

B2031A, da Behringer

Com um preço inicial ainda mais atraente, o B2031A tira vantagem por poder funcionar sozinho. Em dupla, ocupa lugar de predileção para quem pretende fazer referência. A desvantagem nasce quando sabemos ser, exclusivamente, fabricado em 8”. Se sua sala é pequena demais, sua regulagem traseira de graves e agudos pode salvar uma vida.
Monitor de audio Behringer B2031A

Behringer B2031A

Bônus para quem não pode, ainda, bancar um bom monitor de audio

Se o aperto não permite, não se desespere. Quanto melhores forem seus trabalhos, mais rápido conseguirá comprar um excelente monitor de audio. E, se não pode hoje, fica uma dica importante: Seu dinheiro disponível não paga o mais barato dos monitores? Considere um bom fone. Um fone desses irá te desobrigar de tratamento acústico e, de quebra, servirá para o futuro, quando quiser comparar os resultados com o monitor de audio. O importante é investir no seu sonho.
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