Especialmente quem começou a mixar há pouco tempo em seu home studio pode vir a cometer um grande engano. Ele é: Acreditar que qualquer caixa de som faz o mesmo trabalho que um monitor de audio. No entanto, ainda que ideia comum, ela está bem longe da realidade. Caixinhas de som de escritório ou aparelhos domésticos lidam de modo diferente com as frequências. Nelas, não há necessariamente compromisso com o equilíbrio entre agudos, médios e graves. E isso pode custar a qualidade de sua mixagem. Quando falamos sobre um bom monitor de referência, nos referimos a um equipamento com objetivo específico. Esse bom monitor será o mais “flat” possível. Isso significa que não privilegiará ou atenuará nenhuma frequência. Essa maior fidelidade na reprodução garante que o que se está ouvindo é, realmente, o áudio em que se está trabalhando. E aqui repousa o segredo da boa mixagem. Sabendo disso, vamos explorar suas características, especificações, dicas de instalação e por fim comparar algumas marcas.
Por que devo usar um monitor de audio?
- A grande encrenca: Como as caixas diversas não são “flat”, uma frequência poderá ser atenuada ou “colorida”. Com isso, você será enganado pelo que ouve;
- Em consequência disso: Mixar sem fidelidade pode ser um problema. Ao reproduzir em outro aparelho, o áudio estará pobre ou exagerado certas regiões de frequência. Com isso, seu trabalho será, basicamente, em vão;
- Mas não basta um monitor de audio bom: Ainda assim, é preciso posiciona-lo adequadamente. Isso evitará conflitos ou anulação de frequências. Isso sem falar do tratamento acustico home studio!
- E custo também não é tudo: Não necessariamente o preço do monitor de audio define sua qualidade. Você pode acabar pagando apenas por marca ou, mesmo, investindo em diferenciais inaudíveis para nosso ouvido.
- Tenha como comparar: Não confie cegamente no seu monitor de audio. Teste em outra marca e confira as mixes no fone de ouvido. Só lembre-se de utilizar um fones específicos para mixagem, flat. Beats — ou similares — jamais!
E qual monitor de audio devo escolher?
Começando pelo tamanho
A primeira etapa na escolha do seu monitor de audio diz respeito ao tamanho. Em salas pequenas demais, é um erro usar monitores grandes. Neste caso, o ideal é escolher um monitor com falantes de 5” a 7". O mesmo vale, obviamente, para salas grandes demais. Nelas, 10” podem ser necessárias. O que acontece é que, se utilizar um monitor grande numa sala pequena, os graves tenderão a se embolar. Nisso, você erroneamente tenderá a tirar graves na mix, para que não sinta sobrar. O problema? Seu monitor estava mentindo e você tirou graves que não deveria, só para soar bem na sua sala. Ao tocar em uma sala equilibrada ou em fones, a mix estará sem graves, magra. No caso oposto, da caixa pequena em sala grande, provavelmente sobrará graves na sua mix final. Sendo assim, considerando um espaço como um quarto, o monitor de 5” ou 6” polegadas funcionará bastante bem.A quantidade de vias
Antes de tudo, “via” corresponde a cada falante do monitor de áudio. Os tipos mais comuns são:- 2 vias: um falante para médios e graves, e um tweeter para os agudos;
- 3 vias: um falante dedicado para graves, um para médios e um tweeter para agudos;
- 4 vias: comumente, dois dos falantes dedicam-se aos médios.
Ativo ou passivo: qual escolher?
Assim que escolher o tamanho e quantidade de vias, você irá se deparar com a escolha de modo. Não tenho dúvida que, durante a pesquisa, o monitor passivo parecerá mais tentador. Afinal, ele geralmente custa menos, certo? Acontece que a designação “passivo” diz respeito à autonomia do monitor de audio. Refere-se à necessidade de um amplificador. Dessa forma, para utilizar um monitor de audio passivo, você investirá duas vezes. Uma nas caixas (os monitores em si) e outra no amplificador para alimentá-las. O monitor de audio ativo, por sua vez, já possui amplificador embutido. Basta conectá-lo à saída da interface ou da mesa e pronto. Há quem prefira monitor passivo + amplificador. No entanto os amplificadores dos monitores ativos realizam muito bem o trabalho. Fica, portanto, a seu critério. Apenas tenha em mente que precisará de um amplificador que não deixe o áudio “colorido”. Um exemplo muito citado como “flat o suficiente” é o descontinuado Alesis RA100. Mas realisticamente falando, hoje os ativos dominam na maioria dos estúdios, principalmente em setups concisos e home studios.Potência, mas nunca comprometendo a qualidade
Um próximo fator, já caindo nas especificações mais técnicas do monitor de audio, é a potência. Em palavras simples: quanto maior a potência, mais alto o monitor é capaz de falar. É esperado, quando descobrimos que um determinado monitor de audio possui alta potência, que entregue mais com mais qualidade. Contudo uma coisa não está necessariamente ligada à outra. Justamente por isso é importante considerar duas coisas:- Embora seja comum pensar assim, potência não está ligado a qualidade;
- Ainda que o fabricante jure determinada potência, pode haver distorção quando alcançada.